quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Fichamento Formações Economicas Pré-Capitalistas

Formações Economicas Pré-Capitalistas de Karl Marx – São Paulo. Editora Paz e Terra; Rio de Janeiro, 4ª edição 1985 – tradução da 1ª edição inglesa de 1964 de Eric Hobsbawn

Embora Marx, na Formen, não seguiu uma seqüência cronológica das épocas pré-capitalistas, entretanto, decorreu de uma forma cativante as formas econômicas pré-capitalistas, nos remetendo ao passado, e no meu entender, até de uma forma menos tecnicista e mais histórica, desse modo, nos fez entender e refletir sobre o desenvolvimento da sociedade no processo pré-capitalista.

A base objetiva do humanismo de Marx e de sua teoria da evolução social e econômica é a analise do homem como um animal social. Os homens realizam trabalho, criam e reproduzem sua existência no cotidiano, ao viver, ao buscar alimento, abrigo, amor, etc. interagindo-se com seu meio, com a natureza.

Segundo Marx, o sentido da propriedade pode constituir o trabalhador individual, o individuo relaciona-se consigo mesmo, como proprietário, ou, também, o relacionamento entre famílias, ocasionando a propriedade comum, a comuna.
Em ambos os casos, os indivíduos comportam-se como proprietários, a finalidade do trabalho não é a criação de valor agregado, os próprios indivíduos se apropriam do excedente, para proveitos alheios ou comuns.

O primeiro ponto da forma inicial da propriedade é uma comunidade humana, surge de uma evolução humana, a vida nômade é a primeira forma de sobrevivência.
A tribo, das combinações entre famílias, não se estabelece em local fixo, aproveita do que se encontra no local e logo segue adiante.
Quando o homem se fixa, a transformação dessa comunidade original penderá de fatores externos, como climáticas, geográficas, físicas e outros que influenciarão diretamente na modificação da comunidade. A comunidade tribal constitui o primeiro passo para a apropriação das condições objetivas de vida. A terra é o grande laboratório.
Na forma asiática surge o déspota, uma figura suprema das numerosas comunidades menores, sendo a unidade comum de todas elas. Marx conclui que o déspota se apropria do produto excedente.
Notam-se, entre os povos asiáticos que o déspota constrói sistemas de irrigação, meios de comunicação e toda uma estrutura, as cidades surgem ao lado dessas aldeias onde se formam os pontos favoráveis ao comercio exterior e troca dos produtos excedentes do Estado ou do déspota por trabalho.
A segunda forma de propriedade que Marx menciona é: a base não é mais a terra, entretanto, é a cidade, centro da população rural, os proprietários de terras. A área cultivada é parte da cidade.
O grande trabalho comunal é a organização militar para a ocupação das condições objetivas da existência e para proteção e perpetuação da ocupação.
Surge à separação da propriedade estatal da propriedade privada, a comunidade passa a ser a relação recíproca entre estes proprietários privados, sua aliança com o mundo exterior e sua garantia.
Na forma germânica, diferentemente da forma oriental, os indivíduos que trabalham são auto-suficientes da comunidade, em condições naturais de trabalho.

Na pagina 76, Marx faz uma comparação de cada tipo de propriedade até então apresentada.
Na antiguidade clássica a cidade com todo seu território constituíam toda a economia, por exemplo, em Roma ocorre uma forma contraditória de propriedade estatal e propriedade privada da terra, na qual a ultima depende da primeira e a primeira existe somente pela segunda. O proprietário privado é um cidadão urbano, simultaneamente. Economicamente, os agricultores vivem na cidade.
No mundo germânico, a economia é individualizada, não existe concentração de grande numero de proprietários e a família atua como unidade independente. Nessa forma o agricultor não é um cidadão é um habitante da terra, e sua base é o estabelecimento familiar isolado, contudo, interage-se com outras famílias da mesma tribo defendendo interesses comuns, tais como, bélicos, religiosos, solução de disputas legais e outros que constituem a base da segurança recíproca.
Na forma asiática não há propriedade, apenas posse individual, há apenas comunidade comunal.

Marx expõe dois elementos que são à base da reprodução dos indivíduos, nas quais a propriedade da terra e a agricultura constituem a base da ordem econômica.
Apropriação das condições naturais de trabalho, a terra como instrumento original de trabalho.
A atitude em relação a terra, como propriedade do individuo que trabalha, tendo um modo objetivo de existência na propriedade da terra.
Para Marx, quando cada indivíduo deve possuir uma determinada quantidade de terras, o simples aumento da população constitui um obstáculo. Para que este seja superado, deverá desenvolver-se a colonização e isto exigirá guerras de conquista.

Permito-me aqui uma analogia, pois, já foi objeto de meu trabalho, o aumento da produção nas fabricas, sem incremento dos recursos disponíveis, máquinas, mão-de-obra, mantido o turno de trabalho e a mesma estrutura. Desse modo, é o ganho de produtividade que Marx descreve. As fabricas, ante ao mercado extremamente competitivo, buscam novas técnicas aliadas à produção, mantendo-se a estrutura existente, não onerando os custos fixos.
Pág. 110

Segundo Marx, a idéia que precisamos de capital sem o capitalista, é completamente falsa, uma coisa é intrínseca a outra. O capital implica que as condições objetivas do trabalho, que são o próprio produto do capital, adquirem uma personalidade contra, o trabalho passa a constituir propriedade alheia, não do trabalhador. O capital contém o capitalista, é essencialmente o capitalista.Entretanto, Marx descobriu que no termo capital há muita coisa incluída, como por exemplo, é acumulado, entre outras coisas.

terça-feira, 31 de março de 2009

Resumo: O Brasil que os europeus encontraram: a natureza, os índios, os homens brancos. MESGRAVIS, Laima; PINSKY, Carla Bassanezi

Introdução
O livro se propõe há elucidar um pouco mais algumas perguntas feitas por nós até os dias atuais, tais como, como era o Brasil no início da colonização? Como viviam seus habitantes? Como foi o choque de culturas tão distintas, entre os europeus e os índios?
Para explicar essas e outras perguntas, os historiadores recorrem aos relatos escritos pelos europeus, fontes extensas e mitos conhecidos da época como é o caso das lendas sobre o Paraíso Terrestre ou o Eldorado entre outras. Essas lendas contribuíam muitas vezes para materializar os pensamentos, os portugueses encontraram o paraíso? Ou, explorando um pouco mais as terras exóticas chegariam a um lugar repleto de ouro e outras riquezas?
Embora, entre o pensamento de todos os viajantes impregnava a idéia da Idade do Ouro e o Jardim do Éden, entre os portugueses esse pensamento não ganhou muita força, por conta do contato antigo das paisagens exóticas da África e da Ásia. Os portugueses potencializaram o Brasil de uma forma mais útil economicamente, terras férteis a serem exploradas.
Relatos na carta de Pero Vaz de Caminha, registraram o encontro amistoso entre os integrantes da frota de Cabral com os nativos, a admiração dos europeus dos corpos dos índios, da naturalidade com que andavam nus e com a exuberância e o clima.
Entretanto, fundamentalmente, as preocupações dos portugueses eram como extrair o máximo de vantagens e tesouro, com isso, todos os esforços foram canalizados para dominar maior extensão de terra possível e efetuar sua exploração econômica da maneira mais rentável.
Contudo, para legitimar a colonização e a dominação de outros povos, no caso, dos portugueses sobre os índios ( nativos ), Portugal adotou o discurso de cunho religioso, na qual precisa catequizar os índios, fazendo-os conhecer a verdadeira fé, ou seja, o cristianismo. Nessa época a religião era uma das bases das hierarquias sociais e do poder político na Europa.
Dessa forma, duas motivações levavam adiante o projeto colonial empregado pela coroa: exploração e catequese, porem, nem sempre caminhavam lado a lado, em muitos casos contraditórios, cada lado visando seu interesse próprio, como veremos mais adiante. Essas contradições fizeram parte das relações sociais na colônia.
NATUREZA
Todo o ambiente era muito favorável, uma grande área costeira, florestas abundantes, rios, ancoradouros naturais e terras próprias para o cultivo, à coleta e a caça.
O clima era considerado ameno pelos europeus, dessa forma, muito favorável à saúde dos antigos e novos habitantes.
Chovia muito, sendo importante para a abundancia dos rios.
O verde contínuo, o clima ameno e a facilidade de obtenção dos alimentos, fizeram com que os europeus acreditassem que estavam no mitológico Jardim do Éden, por homens acostumados na Europa com fomes, privações, frios e trabalho duro.
Os Alimentos
A mandioca era o arbusto que mais impressionou os europeus, por seu tamanho e, também, por sua variedade de consumo, embora, exigia alguns cuidados especiais com o preparo, por ocasião do seu sumo venenoso, somente preparavam a mandioca após descascá-la. Por outro lado, o sumo era utilizado pelos índios contra seus inimigos.
Da mandioca, podiam preparar farinha que era consumida sozinha ou com caldos ou carne, podendo ser transformada em pão, bolo e biscoito, outra variedade mais fina era utilizada para doentes e crianças.
Alimentos, tais como milho, feijão, batata e cará, completavam a dieta dos brasileiros.
Podemos citar, ainda, o amendoim que causava estranheza, pois, seus frutos ficavam dentro de uma casca, e eram os substitutos das nozes na culinária portuguesa.
As pimentas, misturadas com sal, que serviam como temperos para os legumes, os pescados, as carnes e caldos, originando a culinária baiana.
As frutas eram saboreadas de forma natural, na elaboração de doces e algumas para o uso medicinal, podemos destacar entre várias a jabuticaba, a jaca, o caju, o ananás (abacaxi) e a banana.
O tabaco utilizado pelos índios foi adotado pelos colonos e levado para a Europa. Tinha sua eficácia na cura de feridas e bicheiras de homens e animais.
As arvores eram abundantes, de todo o tipo e tamanho, tanto no diâmetro como na altura, dessa forma, eram utilizadas nas construções de casas e igrejas. Naquela época, a preocupação com o desmatamento desenfreado era temida.
“Os prejuízos causados pelo corte desenfreado de madeiras nobres não passaram despercebidas e, já no século XVII, uma carta régia procurava regulamentar e preservar o seu uso” ( MESGRAVIS; PINSKY, 2002, p 19 ).
Haja vista que, a carta não foi cumprida e grande parte das espécies estão extintas.
Animais
Os animais de caça para os pratos típicos eram abundantes, podemos citar as capivaras, os porcos-do-mato, os veados, os tatus, as pacas, as cotias e as aves silvestres, todos muitos apreciados.
Para divertimento dos europeus, havia os papagaios, as araras e os macacos, cujo, suas características eram de imitação de gestos e sons.
Os peixes eram de fartura, tanto nos rios como no mar, alimentavam toda a colônia.
Completando a fauna, nesse contexto, também, havia animais temidos e pragas e insetos indesejáveis.
Podemos citar as onças; cobras, entre elas a jibóia, a sucuri, a jararaca e a coral.
Entre as pragas, havia a saúva, formigas, cupins e o temido indesejável bicho-de-pé, quando não tratado podiam até provocar a amputação do pé.
Aprendendo com os índios
No inicio da colonização os europeus tinham muita dificuldade com o meio natural e das várias adversidades encontradas, contudo, o sucesso, se é que podemos denominar dessa forma, foi graças aos nativos que conduziram os europeus ao conhecimento do desconhecido e como lidar com as adversidades. Desde a obtenção dos alimentos, a convivência com os animais, insetos e o clima.
Nessa adaptação, muitos costumes indígenas foram incorporados pelos colonos, foi uma espécie de miscigenação de culturas, até por conta da adaptação dos europeus no novo continente. Contudo, os europeus se apropriaram dos índios para a extração dos recursos naturais, principalmente do corte do pau-brasil, e com a formação de grandes plantações, no inicio, em troca de ferramentas e outros objetos. Para o desbrava mento, em vários aspectos, inclusive o geográfico, os índios fizeram com que os europeus tivessem mais segurança.
Em busca do lucro
Por muitas décadas, a principal atividade econômica exercida pelos portugueses era a extração do pau-brasil, do qual se obtinha um corante vermelho usado especialmente para tinturas de tecidos. Além dessa atividade, os lusitanos enchiam seus navios de alguns produtos exóticos, de baixo valor, também, há evidencias do comercio de escravos indígenas. Em geral, nessas primeiras décadas, prevaleceu o escambo, ou seja, a troca mutua entre colonos e nativos. Muito embora os portugueses nunca abandonassem a possibilidade do descobrimento de ouro, prata e pedras preciosas.
As investidas francesas na costa brasileira duraram trinta anos, até 1530, principalmente contra embarcações que transportavam o pau-brasil, dessa forma obtendo algum lucro no mercado europeu. Foi quando a coroa portuguesa resolveu criar as capitanias e cede-los aos donatários. Estes tinham a obrigação de ocupar e explorar sua porção de terra, ocasionando uma exploração mais organizada, duradoura e garantir o direito a posse das terras descobertas. Os donatários, também, eram responsáveis pela arrecadação de impostos e repassa-los à coroa.
A partir de 1549, a metrópole instituiu no Brasil um governo geral com as funções de administrar e manter o maior controle político e militar, a vista do domínio português.
OS INDIOS
No inicio da colonização eram em numero considerável, entretanto, após cem anos foram drasticamente reduzidos, por conta do contato com os colonos.
Havia uma diversidade de nações indígenas, 76 catalogadas por Fernão Cardim, com uma língua principal ou geral chamada de tupi.
Algumas utilizavam o arco e flecha como arma outras não, outras construíam suas casas com folhagem ao contrario de algumas que se apropriavam de cavernas, na maioria não praticavam a antropofagia e em especial os tapuias não praticavam a agricultura e não usavam o arco e flecha.

Os índios viviam em aldeias, após algum tempo, em virtude da escassez da caça, da pesca e da coleta, havia a necessidade da mudança em busca de locais mais propícios para a sobrevivência.
A mandioca era o cultivo básico, podiam plantar, também, milho, feijão, batata-doce, cará, abacaxi, abóbora, além de algodão e tabaco. Tudo que plantavam se consumia em pouco tempo, dessa forma, não formavam grandes estoques.
Os colonos ficaram impressionados com o grau de compartilhamento de tudo que se produzia na aldeia.
As atividades na aldeia entre homens e mulheres se dividiam na seguinte forma:
Aos homens, cabia a função, além de caçar, pescar, cortar lenha e combater, cabia-lhes a função de construírem suas canoas e cabanas e limpar o terreiro para a lavoura.
As mulheres plantavam, colhiam, preparavam os alimentos, fiavam, teciam, faziam potes de barro e cestos e coletavam frutos, raízes e insetos comestíveis, alem de cuidar da casa e das crianças.
No cotidiano, as crianças aprendiam com os adultos, observando-os.
A primeira impressão dos europeus era que os homens eram mais indolentes. No entanto, eram capazes de grandes esforços. Apenas faziam questão de trabalhar quando e como quisessem, sem supervisão e cobranças. Aliás, a expressão "não tenho vontade", com a qual se recusavam a fazer alguma coisa que lhe fosse pedida, era definitivamente.
Apesar dos índios serem chamados, depreciativamente, de selvagens, bestiais, ignorantes - nenhum dos cronistas dos séculos XVI e XVII consideram-nos indolentes ou preguiçosos. Essa postura foi elaborada no século XIX, quando quiseram justificar as razões de empregar o negro no trabalho escravo. A qualidade de trabalhador obediente e submisso atribuída ao negro foi contraposta à preguiça, incapacidade e rebeldia do índio.
Uma das coisas que mais impressionavam os europeus era o fato dos índios andarem completamente nus, ao contrário dos europeus, onde o pudor e a regra social era cobrir-se todo o corpo, fazendo-os pensar que o pecado não havia chegado naquele lugar, fazendo uma analogia com a referencia bíblica de Adão e Eva.
“A nudez revelava a perfeição física generalizada entre os índios, e entre eles não se viam aleijados, pois eram enterrados vivos ao nascer” ( MESGRAVIS; PINSKY, 2002, p 46 ).
Os índios, homens e mulheres, cultuavam o corpo, com adereços, penas, cocares, cortes de cabelo e sobrancelhas, cada um a sua moda.
Outro fator inusitado pelos europeus, era o fato dos índios banharem-se todos os dias, e alguns mais de uma vez por dia, quando eram obrigados pelos brancos a vestirem-se, banhavam-se vestidos, desse modo, como demoravam a secar, acabavam adoecendo.
Os indígenas tinham o hábito de embriagar-se nos rituais, que duravam alguns dias.
A maioria dos homens tinha apenas uma mulher, entretanto, a poligamia era praticada, e os homens que tinham mais de uma mulher, obtinham mais vantagens do trabalho delas.
Cada maloca e tribo eram comandadas por um chefe principal. Havia várias formas de se conquistar a chefia: por demonstração de bravura em combate e capacidade de liderar guerreiros, pelo número de cativos que possui, pela prosperidade decorrente do trabalho de várias esposas, da capacidade de atrair para seu círculo um grande número de filhos homens e parentes, por talentos de oratória ou magia. Entretanto, a autoridade do principal da aldeia era muito limitada e não havia grandes diferenças hierárquicas entre eles e os chefes das malocas.
As decisões da tribo eram tomadas por um conselho dos mais velhos, formado pelos homens com mais de quarenta anos, que se reunia com freqüência.
Na sociedade indígena daquela época, as decisões eram tomadas por consenso após um longo processo de convencimento pelos principais que passavam horas discursando, explicando, persuadindo, até conquistar o apoio do conselho de anciãos e do pajé.
A constatação da inexistência de reis ou príncipes ou mesmo chefes com autoridade forte sobre os índios espantou os europeus. Eles viram que os indígenas também não possuíam um sistema religioso organizado, com deuses, ídolos e qualquer espécie de sacerdotes; tinham apenas a crença nos espíritos dos mortos e entidades maléficas como Anhangá e Curupira e na força da magia. Partindo disso, os primeiros jesuítas fizeram a afirmação de que como na língua tupi não existiam os sons de F, L, R, os índios não tinham fé, lei ou rei. Para os europeus da Renascença, oriundos de Estados já organizados com leis parecia a prova concreta de que se tratava de gente incapaz para a vida civilizada e definida como noções de pecado e salvação como era a cristã.
Na época do descobrimento, as relações entre as tribos e grupos étnicos indígenas variavam. Havia as que viviam sua vida sem ter contato com outras. Havia tribos que se relacionavam pacificamente praticando o escamo. E, finalmente, as que estavam freqüentemente em guerra contra outras. Não é possível saber o que teria acontecido às relações entre portugueses e índios se os primeiros contatos não tivessem sido com os tupi guerreiros e antropófagos do litoral. O canibalismo e o espírito bélico eram elementos importantes de sua cultura e os envolvia constantemente em violentos conflitos tanto com tribos de etnias diferentes quanto com grupos aparentados lingüística e socialmente.
Nas guerras rotineiras contra os inimigos tradicionais, a luta era suspensa quando uma das partes envolvidas, tendo matado alguns inimigos, conseguia capturar algum ou alguns prisioneiros.
Durante os ataques eram mortos sem contemplação homens, mulheres e crianças. Os atacantes procuravam sempre arrebentar as cabeças dos inimigos, porque acreditavam que assim libertavam seus espíritos.
Os prisioneiros preferidos eram os homens para que se pudesse cumprir todo o ritual antropofágico, pois um dos principais objetivos dos ataques guerreiros era o de fazer cativos para serem devorados.
Todo o longo e complicado cerimonial antropofágico destinavam-se, como justificavam os índios, a apaziguar o espírito do morto para que não procurasse vingança contra seu matador. O ato de devorar o prisioneiro tinha por objetivo declarado vingar os parentes a amigos mortos pelos inimigos e incorporar suas virtudes guerreiras e sua força espiritual.
O canibalismo praticado pelos nativos escandalizava os europeus. A total impossibilidade de uma paz honrosa, sem sacrifícios humanos, os festins constantes em que toda a tribo de regozijava com a entusiástica participação de mulheres, velhos e crianças foram elementos importantes para convencer os europeus da bestialidade dos indígenas.
Os primeiros colonos que vieram como degredados, desertores, náufragos ou foram abandonados pelos navios e escaparam à morte integraram-se nas tribos andando nus, casando-se e participando de guerras e festins.
Garantir o domínio português sobre as terras brasileiras envolvia não só a cristalização do poderio econômico e político da metrópole como também envolvia a conquista ideológica dos povos da colônia. Esta seria feita, entre outras coisas, pela consolidação da cultura européia e da moral católica, em particular, como referencias dominantes da prática religiosa e dos costumes dos habitantes do Brasil.
O papado de Roma, em troca de seu apoio político, esperava que a coroa portuguesa colaborasse para o aumento do rebanho católico por meio da população de suas colônias. A expansão portuguesa teve a sanção papal por meio de bulas que davam o direito aos portugueses de conquistar essas regiões com vistas à conversão dos nativos ao cristianismo. Os padres da Companhia de Jesus foram peça-chave nesse processo. Em 1549, chegaram à Bahia, com o primeiro governador-geral, Tomé de Souza, os primeiros seis jesuítas comandados por Manoel da Nóbrega. Em menos de vinte anos, estariam instalados em todos os pontos do litoral brasileiro. Sua atuação mais polêmica, mas com certeza mais importante para o sucesso como um todo foi à catequese dos indígenas.
OS COLONOS
As estratégias dos colonos portugueses foram determinadas do primeiro século da colonização, baseada em lucrar o máximo possível com a América.
Num primeiro momento, a conquista, o povoamento e a dominação cultural não estavam entre os objetivos iniciais da metrópole. Portugal não precisava de novos territórios e não abrigava, como em outros lugares, dissidentes políticos e religiosos dos quais estaria ansioso em ver-se livre.
A colonização portuguesa garantiria a posse da terra contra outros paises pretendentes, quanto ao povoamento os portugueses simplesmente seguiram na esteira dos índios que habitavam na faixa litorânea e a dominação cultural era caracterizada da idéia da superioridade do modo europeu de ser e pensar com o aval da Igreja.
Um ponto interessante relacionada as primeiras décadas de colonização, de portugueses que viviam entre os índios integrados em sua cultura, onde a coroa portuguesa viu com tolerância, na época em que o escambo de produtos da terra por manufaturas era a atividade econômica mais relevante na colônia.
A política portuguesa procurava incentivar o estabelecimento de vilas e a reunião da população em torno de um centro administrativo e religioso, o que podemos chamar de política centrípeta. Outro tipo de vida não interessava à metrópole, pois não proporcionava acumulação de capital, lucros ou impostos relevantes.
“O burocrata lusitano Gandavo visualizou o Brasil como a solução para os pobres de Portugal que aqui chegando poderiam enriquecer ou pelo menos viver fartamente” ( MESGRAVIS; PINSKY, 2002, p 97 ).
Muito facilmente se comprava escravos, ou seja, de baixo valor. Dessa forma os moradores podiam viver com padrão da nobreza sem trabalhar com as mãos e muito mais folgadamente.
Os mais ricos eram os donos de engenhos e criadores de gado, nessa ordem. Depois vinham, em nível médio e inferior, os produtores de mantimentos que os plantavam em terras próprias ou arrendadas dos grandes proprietários. Havia, também, os mercadores, que trocavam seus produtos por açúcar e algodão e voltavam para Portugal. Podemos mencionar os estabelecidos de portas abertas, onde vendiam com grandes lucros mercadorias européias.
O tripé: violência da escravidão, na promoção dos massacres indígenas e na exploração sexual das mulheres, esses três fenômenos eram freqüentemente denunciados pelos jesuítas que encontraram grandes dificuldades em suas tentativas de mudar tal padrão de relações baseado na ganância dos colonos que apenas viam os índios como objeto de uso sexual.
Os jesuítas lutavam pela liberdade dos índios, facilitando, dessa forma, o trabalho de catequeses e lhes daria mais poder. Essa atitude, contudo, despertou violeta e amarga oposição dos colonos que reprovavam os jesuítas.
Os colonos portugueses, aos poucos, foram deixando de lado a exploração do trabalho indígena. No entanto, essa exploração não cessou completamente, mas a necessidade de mão-de-obra começou a ser suprida pelos escravos negros, dentro de um projeto mais amplo que viria a caracterizar o sistema colonial.
No final do século XVI, os europeus colonizaram boa parte do litoral e que a população nativa havia sido cultural e fisicamente submetida, expulsa ou exterminada. A catequese, as doenças e a escravidão terminaram por destruir a cultura material e espiritual dos indígenas.
A capacidade da conquista territorial de cada região, dependeu dos povoadores superarem os desafios locais, obterem escravos e exercerem uma atividade econômica lucrativa, principalmente o sucesso da economia açucareira.
Em menos de cem anos após o descobrimento do Brasil, os portugueses já haviam conseguido consolidar seu domínio perante aos nativos e aos franceses, duas das principais ameaças aos seus projetos. A partir desse momento, a economia açucareira adquiriu grande impulso, a população branca, negra e mestiça cresceu rapidamente. Nas regiões mais desenvolvidas e o controle administrativo tornou-se mais eficiente. Do final do século XVI em diante, aumentou o número de engenhos, o que fez crescer o das vilas e cidades.
A miscigenação tomou conta da colônia, constituindo-se de tipos variados: portugueses e europeus de outros países, vários grupos indígenas e africanos, embora as uniões de brancos com índios e negros não fossem prestigiadas e boa parte delas tivesse sido constituída com base na violência. Da cultura indígena tupi-guarani do litoral só restou traços incorporados pela população brasileira.
Aquela visão inicial dos colonos quanto ao paraíso encontrado, foi aos poucos se destruindo com o avanço desenfreado da colonização em menos de cem anos e os recursos naturais utilizados pelos indígenas foram em grande parte depredados.
4 CONCLUSÃO DAS AUTORAS
No meu entendimento, a conclusão das autoras foca, fundamentalmente, as explorações extrativistas dos europeus, principalmente os portugueses, inclusive, em cem anos destroem a cultura e a presença indígena ao longo da costa brasileira.
O principal fator que viabilizou a colonização foi o sucesso da economia açucareira, na qual se avançou rapidamente à ocupação portuguesa.
As maravilhosas riquezas minerais, tão sabiamente utilizadas pelos índios, foram rapidamente depredadas.
A destruição da flora e fauna não cessou até nos tempos atuais, pelo contrário, rios se transformaram em verdadeiros esgotos, espécies inteiras desapareceram e as matas escassearam-se.
5 CONCLUSÃO
As autoras transmitiram um pouco mais de conhecimento quanto à colonização do Brasil, desde seus primórdios, assinalando as adversidades encontradas pelos portugueses, os primeiros contatos dos portugueses com os índios, a exuberância da natureza, os perigos de uma terra até então desconhecida, a exploração territorial e econômica, a catequização dos indígenas, a imposição, em muitos casos a força gerando dessa forma confrontos, da cultura européia e a tentativa de escravizar os índios.
Quanto ao capitulo elucidativo sobre os índios, na minha óptica, muito interessante, as autoras souberam colocar de forma clara e explicativa os costumes, seus rituais, sua culinária, a organização de uma tribo, as guerras entre as tribos, a antropofagia e o relacionamento entre o homem e a mulher e as crianças, enfim, toda a cultura indígena.

Crise. Que crise? Crise do entendimento.

Os Estados Unidos espalha a crise, pelo efeito da bolha imobiliária. Explicações confusas de como se deu início a tal crise. Tudo isso para confundir ainda mais a todos, países e suas populações.

Explicar o inexplicável, não passa de mais um meio de conspiração, para que os Estados Unidos voltem, da tal crise inventada, ainda mais forte.

Ninguém, muito menos gente de dentro dos EUA, se arrisca a falar quando a crise passará pelo seu meio e fim, do jeito que os norte-americanos planejaram, quiseram.

Entretanto, daqui uns 200 anos constatarão que a crise de 2008 não passava de uma invenção, que os EUA criaram para tornar-se ainda mais fortes, em tudo, economicamente, militarmente, policamente e, sobretudo, monetariamente.

Nova Era

Enfim, o ano começou, após recessos e carnaval, dessa forma, o relógio recomeça a contar, em contagem progressiva ou regressiva, não importa, o importante é marcarmos um recomeço, ano após ano. Afinal, esse tempo é para nós redefinirmos nossas estratégicas, planos, deixar de fazer coisas que fazemos, fazer coisas que não fazemos, etc.

Comecemos com um Bom Ano Novo e terminamos com um Feliz Ano Velho.