segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Resenha de VIEIRA, Maria do Pilar de Araújo; PEIXOTO, Maria do Rosário da Cunha; KHOURY, Yara Maria Aun. A Pesquisa em História. 4 ed. São Paulo: Ática, 2000. 78 p.

A obra em referência tem como objetivo apresentar o tema como experiência humana, dessa forma permite reconhecer a identidade global das pessoas e das classes. Mostra a metodologia de uma forma prática, enumerando seus passos.
Na introdução, as autoras justificam a experiência dos homens nas lutas de interesses e de valores, a partir daí a cultura passa a ser aprendida como todo um modo de vida e de luta. Comentam da ação dominadora do Estado nesse contexto, entretanto, mais adiante, mencionam que existem outros meios de poder e dominação, e todo um processo de denominação que permeiam a população. Propõem um estudo de, sobretudo, pensar no real, fazendo com que o pesquisador crie novos conceitos de observância e pesquisa. Levando a história como um campo de possibilidades.
As autoras começam o capitulo de numero dois, O documento, com uma citação de Ferreira Gullar, buscam nessa referencia o ponto de partida para pontuar diferentes formas de registros. O primeiro registro privilegiado pelo historiador foi o documento oficial, a partir da Escola dos Annales as ações dos homens, também, passam a assumir uma concepção histórica. Nessa perspectiva, o problema passa a ser o ponto de partida, através dos questionamentos que o historiador imprime ao seu estudo.
As autoras mencionam a importância da escolha do método e uma técnica que garantam um bom trabalho de interpretação. A história social do ponto de vista de todas as lutas de classes, retratando efetivamente o cotidiano e incorporando novas linguagens a esfera dos seus interesses.
Continuam o capítulo dissertando sobre linguagem e história, explicam e justificam o tema. Problematizam a utilização de uma linguagem, relativizam que cabe ao historiador observar quem produz uma linguagem, para quem e como a produz e quem a domina. Daí decorre a necessidade de não ver a linguagem como neutra, porém, pensada.
Relevam a importância do historiador quanto à linguagem que é um desafio ao historiador, o historiador deve estar preocupado em desvendar o lugar social onde a história foi produzida, antes mesmo da escolha de uma técnica ou linguagem. Contudo, as autoras, entendem que é importante a pesquisa com um conjunto de registros, acreditam que desse modo há muitos subsídios para o objeto da pesquisa, também, no entendimento das autoras, quando o historiador pensa a história como um campo de possibilidades, onde as diferentes formas sociais atuam, dessa forma, se recupera algumas propostas, inclusive, as causas perdidas. Finalizam o capitulo comentando da necessidade da preservação e o acesso aos registros, afirmam que os registros da experiência humana estão ao alcance de todos.
No capítulo três, o de maior conteúdo é destinado a “mãos a massa”, ou melhor, a pesquisa propriamente dita. Enumeram passo a passo, que entendem fazer parte de uma pesquisa. Desde a escolha e definição do tema até o produto final.
Destacam dois pontos intrínsecos ao historiador para escolha do tema, o primeiro é quando o pesquisador quer ampliar seu campo em torno de um assunto abordado, no segundo caso é quando se quer colocar sua própria experiência, buscar respostas para seu próprio cotidiano. Entretanto, citam que a delimitação do tema se faz necessária.
Na parte da pesquisa, entendendo a história como um campo de possibilidades e a partir daí problematizá-la. Podendo explorar a própria experiência ou na investigação de um objeto apoiando-se na pesquisa científica, para essa segunda escolha, as autoras sugerem alguns passos a serem seguidos: leitura da bibliografia, tomar conhecimentos das posturas teóricas e a ultima é a formulação de hipóteses.
Afirmam que os procedimentos de uma pesquisa não são pré-estabelecidos, contudo, no desenvolvimento da pesquisa, fruto do diálogo entre teoria e evidências.
Enfatizam o modo de seleção das evidências e o interesse e a abordagem pelo pesquisador. Também, nessa parte do livro, mencionam a importância das fontes, inclusive, são contrárias ao que dita os manuais e afirmam que não dá para fazer a seleção de fontes depois da problematização.
Quanto ao produto final da pesquisa, pontuam alguns itens importantes ao historiador, a saber: a pesquisa como meio de reflexão, incorporar o social e a expressão natural e espontânea.
No último capítulo, descrevem de forma objetiva a relação do professor e aluno, onde o primeiro é o especialista, que norteará o aluno através de procedimentos teóricos e técnicos. Relativiza as relações entre ambos na condução da pesquisa, contudo, posicionam o aluno como “sujeito ativo”, aquele que se coloca ante as contradições dos sujeitos históricos, com a bibliografia e com o orientador.
Paulo Cesar de Menezes, graduando do curso de Licenciatura em História na UNIABC-Santo Ándre. 6º semestre. 2010.