quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A conquista espanhola

Como foi possível a tão poucos espanhóis dominarem milhares de indígenas?


Em primeiro lugar, no que se refere às civilizações Pré-Colombianas (maias/incas/astecas), um dos aspectos que facilitou o domínio espanhol foram as suas contradições internas presente nessas civilizações. Os impérios asteca, maia e inca dominavam vários povos de línguas, usos e costumes diferentes, obrigando-os a falar a mesma língua, a cultuar o deus Sol e a pagar tributos. Nesse contexto os espanhóis aliaram-se a povos dominados por esses impérios para derrotá-los.
As lutas entre as facções aristocráticas indígenas pelo domínio do poder constituem outra contradição interna que facilitou o domínio espanhol. O caso mais evidente foi a conquista do Peru, onde os espanhóis aproveitaram-se de luta pela divisão do império inca entre os irmãos Atahualpa e Huáscar.
Os conquistadores dos indígenas americanos foram, segundo o poeta Pablo Neruda, a espada, a cruz e a fome.
A espada simboliza a superioridade espanhola em armas de ataque e defesa. Os espanhóis utilizavam armas de fogo, desconhecidas pelos indígenas, como, por exemplo, os mosquetes e os arcabuzes, contra arcos, flechas e lanças, o que lhes permitia combater a distância, além de lhes garantir grande vantagem psicológica. Ainda, a utilização de cavalos, desconhecidos das civilizações pré-coloniais, permitia uma grande mobilidade aos conquistadores espanhóis.
Os cavalos “contribuíram para dar forças mágicas aos invasores ante os olhos atônitos dos indígenas”, que corriam amedrontados ou preocupavam-se em matá-los, deixando vivos os cavaleiros que aproveitavam para acabar com dezenas de índios.
A cruz refere-se à religião e ao papel por ela desempenhado na conquista da América Espanhola.
Antes da chegada dos espanhóis, profecias nos três impérios davam conta de sua queda. Estas profecias, segundo testemunhos indígenas, estavam confirmando-se através de determinados sinais. Assim, por exemplo, a invasão do branco foi tomada como a chegada de novas divindades, abalando o mundo mítico-religioso dos índios.
Com a crise das religiões indígenas, tornou-se mais fácil a introdução da religião cristã pelos jesuítas. O cristianismo, com seus novos hábitos religiosos, contribuiu para a desarticulação da vida sócio-econômica desses povos, pois a religião era o elemento unificador do seu modo de produção e vida.
A fome representa a imposição de novos métodos de trabalho compulsório, de deslocamentos forçados de uma região para outra, de cobrança de tributos e a introdução de doenças desconhecidas, como a cárie e as doenças venéreas, que contribuíram para dizimar as populações indígenas.
Dessa forma, Hernán Cortés conquistou o México dos astecas; Francisco Pizarro e Diego de Almagro iniciaram a conquista do Peru, Bolívia e Equador, derrotando os incas; bandos provenientes do México e das Antilhas conquistaram o que restava dos maias na América Central; Jiménez de Quesada, derrotando os chibchas, conquistou a Colômbia; Almagro e depois Pedro de Valdivia conquistaram o Chile dos araucanos e Pedro de Mendoza derrotou os charruas no Rio da Prata.


CÁCERES, Florival. História da América. São Paulo: Moderna, 1980, p. 31-32

Nenhum comentário: