quarta-feira, 29 de junho de 2011

Afinal, por que conhecermos a história da África?

Porque é preciso valorizar devidamente a história e cultura de seu povo, buscando reparar danos, que se repetem há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. É buscar romper as relações do escravismo criminoso que se perduram até a atual sociedade e na educação brasileira.
Tentar beber do nascedouro do saber, do berço da humanidade, de povos africanos é, segundo Santomé (1995), buscar afastar as armadilhas ideológicas do preconceito, da discriminação de gênero, das etnias oprimidas, do recalque, da exclusão social, desvendando algumas situações que são silenciadas e que normalmente se colocam como problemáticas da sociedade que se encontra na escola.
A importância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira e africana, portanto, não se restringe à população negra e indígena, dizem respeito a todos os brasileiros.
Muitos negros são mestiços resultantes da miscigenação entre negros e brancos, negros e índios. No censo brasileiro, os mestiços são classificados como pardos, mas alguns deles, por decisão política ou ideológica se consideram negros ou afro-descendentes.

A ideologia da inferioridade, além de causar a auto-rejeição, a não aceitação do outro assemelhado étnico e a busca do branqueamento, internaliza nas pessoas de pele clara uma imagem negativa do negro, que as leva a dele se afastarem, ao tempo em que vêem, na maioria das vezes, com indiferença e insensibilidade a sua situação de penúria e o seu extermínio cultural e físico. (SILVA, 2004, p. 36).

O brasileiro precisa conhecer profundamente as suas raízes sociológicas. Principalmente, as contribuições que recebeu do povo negro em diferentes períodos, de importância decisiva para a formação de uma grande nação como a nossa e em áreas tão primordiais ao desenvolvimento humano como a social, econômica e política. Os negros trouxeram para o Brasil suas crenças, religiões, devoções, suas músicas, seus hábitos de família, seu vocabulário. Os negros são a essência desta sociedade e a sua história se confunde e se amálgama, assim como a miscigenação de povos que gerou o brasileiro, com a própria História do Brasil.
Portanto, por mais que se estude a História do Brasil, não se conhece em profundidade, por meio dos livros escolares, toda a influência que o país recebeu de nações africanas ao longo de sua tão curta história para sermos quem nós verdadeiramente somos. O brasileiro é o resultado da diversidade de culturas e da miscigenação de povos.

Bibliografia:
SANTOMÉ, Jurjo Torres; SILVA; Tomas Tadeu (Org,). Alienígena na sala de aula- uma introdução aos estudos culturais em educação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.
SILVA, Ana Célia da. Movimento negro brasileiro e sua trajetória para a inclusão da diversidade étnico-racial. Revista FAEEBA, Salvador, v.11, n.17, p. 139-152, jan./jun.2002. Disponível em acesso em 7/set./2010.

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